Com seu universo cinematográfico chegando aos dez anos, iniciado lá em 2008 com Homem de Ferro, a Marvel finalmente está cada vez mais perto de encerrar o seu primeiro arco de histórias. Porém, enquanto histórias se fecham, outras estão apenas a começar.
E este é o caso de Pantera Negra, filme solo de origem do herói que surgiu inicialmente há dois anos atrás em “Capitão América: Guerra Civil”, aonde conseguiu se destacar em meio à tantos outros personagens já conhecidos pelo público. Mérito não só dos Irmãos Russo, diretores de Guerra Civil, como também do ator Chadwick Boseman, que deu uma grande personalidade ao T’Challa, o até então príncipe de Wakanda.
O diretor Ryan Coogler (de Creed: Nascido para Lutar) consegue trazer uma grande riqueza ao universo de Wakanda, seja por seus dialetos, costumes, visuais e rituais. Enquanto o mundo externo apenas enxerga florestas e um país de terceiro mundo, Ryan mostra que Wakanda é um local rico, e não só de Vibranium, o metal mais raro existente, e sim rico culturalmente.
A direção acerta também em abordar os antagonistas que passam pelo enredo. Aqui, vemos mais nuances do Ulisses Klaw, conhecido nas HQs como Garra Sônica, vivido pelo ator Andy Serkis. Talvez sendo um dos pontos de maior leveza e humor, Klaw consegue demonstrar sua loucura sem ser um personagem esquecível, tudo graças as ótimas construções das cenas e inserção das piadas, que acontecem em momentos adequados, sem quebrar o clima de suas cenas. Shuri (Letitia Wright), a irmã mais nova de T’Challa e o agente Everett K. Ross (Martin Freeman) são mais dois personagens que são focados em fazer humor, mas nem por isso deixam de ser desenvolvidos ou bem trabalhados.Voltando a falar dos vilões, Michael B. Jordan rouba a cena no papel de Killmonger, personagem que com certeza entra na lista dos melhores vilões do Universo Cinematográfico Marvel, sendo mais do que apenas “um antagonista que usa uma armadura/poderes igual ao herói”, ele traz consigo toda uma carga emocional por seus atos, que podem fazer até o espectador questionar o que seria o certo e o errado. O filme em si discute bastante sobre o certo e errado, bem e mal. Não que tenhamos aqui uma reflexão densa e profunda, porém interessante de ver em tela.
Partindo para a trilha sonora do filme, temos aqui uma mistura de rap e hip-pop principalmente, algo bem diferenciado dos filmes padrão Marvel, com direito a participação de artistas como 2 Chainz, James Blake e the Weeknd.
Pantera Negra sem dúvidas é a Marvel começando com o pé direito em 2018, sendo um filme mais contido em seu universo próprio do que tentando abrir pontes para filmes seguintes, e que acerta em seu tom e elenco extremamente bem escolhido. Com cenas de ação empolgantes, uma grande mensagem por trás e personagens bem desenvolvidos, vale a pena assistir!